Roberto Miller Maia

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ROBERTO MAIA
Toneladas de Rock

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Artigo Publicado na revista SHOW BIZZ em maio de 1999

Toneladas de rock



O homem-enciclopédia da Brasil 2000 FM tem 22 mil discos! E garante que consegue achar tudinho no meio de seu monumental acervo

Não, você no leu errado. O sujeito tem 25 mil discos em casa. Simples e humilhante assim: 15 mil CDs, 10 mil LPs. uma loucura, um desvario, um despautério, sim. Mas também profissionalismo. Afinal, o paulistano Roberto Miller Maia, 40 anos, sinônimo de radialismo informativo e inteligente, artigos rarssimos nas FMs brasileiras. Conhecido pelos ouvintes da Brasil 2000 (107,3 Mhz) de São Paulo como "homem-enciclopédia", ele mora com a mulher e as duas filhas numa casa no Jardim dos Estados (Zona Sul de So Paulo). Junto com 500 livros sobre música, seus discos habitam uma espécie de duplex (três cômodos espaçosos em dois andares) que funciona como estrutura independente na organização do ambiente. uma espécie de batcaverna.

Para se manter atualizado e abastecer a emissora com o que há de mais novo no mercado, Maia gasta at mil dólares por mês encomendando CDs do exterior. "Já sou conhecido na Receita Federal", brinca. Em viagens internacionais, seus recordes são 800 dólares gastos em meia-hora numa loja Tower Records de São Francisco, nos EUA, e uma mala de volta abastecida com 150 CDs. A fama corre o mundo: a revista inglesa Record Collector já o citou em matéria, espantada com a profundidade do envolvimento de um exótico brasileiro com a cultura rock.

O que ele tem em suas dezenas de prateleiras? Bem, com falta de sorte, você encontra um LP do Cheiro de Amor perdido no meio de toneladas de rock. Há cantinhos reservados para jazz, blues e ska, edições promocionais que recebe das gravadoras e que lá fora são valorizadíssimas como item de colecionador, mas não despertam um décimo do interesse no Brasil , caixas e mais caixas... Na arrumação, que segue uma ordem alfabtica pouco rigorosa, os discos de um mesmo artista no ficam juntinhos, mas misturados com os dos colegas que tem a mesma inicial. "Eu consigo achar tudo, pode demorar um pouco, mas sempre encontro", garante.

Maia começou a trabalhar em rádio em 1977. "Eu escrevia roteiros do programa Msica De Um Novo Tempo, que tocava King Crimson e Van Der Graaf Generator", lembra. Não que ele fosse bitolado em progressivo: um dos troféus de sua coleção é um compacto dos 101ers, banda em que Joe Strummer tocou antes de fundar o Clash (e antes de o punk existir oficialmente). De qualquer maneira, o Enciclopédia sabe reconhecer o valor de trabalhos de Robert Fripp (guitarrista do King Crimson) e recomenda a quem no tiver preconceitos o disco Nadir's Last Chance, de Peter Hammil, vocalista do Van Der Graaf: " um clássico do desespero".

No final dos anos 70, estudante de Engenharia, Maia tocou guitarra numa banda chamada Flor De Ltus "cantava também, meio falando, tipo Lou Reed". Com Tom Zé, trabalhou como técnico de som e desenvolveu projetos revolucionrios. "A gente criou vários instrumentos. Usamos enceradeiras, fizemos uma orquestra de buzinas... Infelizmente, estávamos frente do nosso tempo", lembra. Apesar dessa experiência marcante na MPB, sua discografia do gênero é proporcionalmente pequena.

No tem jeito: entre caixas exóticas como The Babenzl Pygmies (música de uma tribo de pigmeus) e Wally Whyton And The Vipers Skiffle Group (banda inglesa da onda skiffle que influenciou os Beatles quando meninos), fala mais alto o rock'n'roll. A memória de Maia registra Band Of Gypsies, de Jimi Hendrix, como primeiro disco comprado "com o próprio dinheiro", aos 11 anos. Ex-sócio de um fã-clube de David Bowie, ele cita como artistas "de estimação" Lou Reed, Talking Heads, Mott The Hoople (grupo de Ian Hunter que Bowie produziu na fase glam dos anos 70) e Argent, banda inglesa com tendncias progressivas formada em 1969 pelo tecladista Rod Argent depois do fim da formação pop The Zombies. Seu maior arrependimento como audiófilo: ter demorado a descobrir as maravilhas da soul music Otis Redding, Four Tops e Smokey Robinson , que atualmente animam seus fins de semana. "Por isso que eu hoje compreendo os meninos radicais que ligam para a rádio xingando o que não é do gosto deles", explica, professoral. A maior lição do homem-enciclopedia, porem, é outra: "Rock no deve ser levado à sério demais".

Pedro Só