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Nome: Roberto Maia "O homem enciclopédia"
!ObaOba - O que valeu a pena na música dos anos 80?
De fato
não a música, mas a atitude de saber que é possível e viável uma musica pop jovem com mais pluralidade e possibilidades...
!ObaOba
- E o que deve ser esquecido pra sempre?
Nada, pois as coisas horríveis devem ser lembradas para que não voltem jamais...
!ObaOba
- Por que as banda do Rock Brasil estão voltando?
Porque o rock é algo sincero. É impossível transformar o rock como
conceito em algo descartável ou sem valor ele transformou muita coisa até hoje.
!ObaOba - De onde surgiram os estilos
musicais dos 80´s?
Uma mistura e uma reciclagem foi um caminho natural do que vinha sendo feito nas décadas anteriores,
com as influências do reflexo social da década de 80, tribos ou guetos em vez do sonho coletivo da era hippie ou do individualismo
da era disco.
!ObaOba - Quais as influências que vemos ainda hoje do som daquela época?
Canções não morrem,
elas marcam a vida mais que os anos ou as datas, elas servem de referências para períodos da nossa vida. Nos anos 80 isto
foi bonito, pois mostrou que era possível ver na mídia jovens trazendo tantas possibilidades, diferente da pasteurização de
hoje. Temos agora uma fábrica de grupinhos de pagode, outra de duplas sertanejas e assim por diante. Até o alfaiate parece
o mesmo, é o fim da picada. Por isso, a influência e a possibilidade que foi revelada naquela época, ainda que tardia, na
minha opinião...
!ObaOba - Você considera a década de 80 uma década perdida, como muitos falam?
Não.
!ObaOba
- Quais os shows históricos que rolaram aqui no BR? E quais os grandes micos?
Teve muita coisa boa, a pena é ter que
se apegar ao passado, justamente na época do chamado mundo globalizado. Não temos uma evolução dos festivais, um intercâmbio
constante... Mas Rock in Rio, Hollywood Rock... Todos tiveram seus momento legais. Tinha o Projeto SP que era demais... Micos
eu não lembro, só do recente desabamento palco do Prodigy, mas isto é muito recente...
!ObaOba - Quais programas
de rádio fizeram história?
Os meus, mas ninguém tem coragem de falar, pois o brasileiro é colonizado, tem medo de revelar
suas fontes, tem medo que descubram sua fragilidade. Tinha também o "Novas Tendências" do José Roberto Mahr, os do Fernando
Naporano, e pelo conjunto da obra, a Rádio Fluminense...
!ObaOba - Acha que hoje em dia as coisas estão mais difíceis
para as bandas?
Sim, a mídia está fechada no populismo, no sucesso fácil. Só é fácil gravar, mas isto se torna um problema.
Tudo é feito às pressas, sem conceito...
!ObaOba - Quais eram as tribos dos anos 80? Havia diferença de comportamento
ou só mudava o som que ouviam?
Cada tribo tem seus códigos e isto implica desde das roupas até os sons que elas escutam,
mas sempre existem os intercâmbios, o que é bom e positivo. O mundo no fundo é tribal, temos que lembrar disto sempre. Os
conflitos que geram as maiores catástrofes são meras brigas de tribos. Os meios de comunicação agridem quando impõem linguagens
comuns. Não percebemos isto em curto prazo, mas os efeitos são os que sentimos na pele. Hoje se mata por objetos que não são
necessários a aqueles que são instigados a cobiçá-los.
!ObaOba - Que bandas de hoje mostram influências daquela
época?
De uma certa maneira todas.
!ObaOba - Por que a década de 80 é tão desprezada por uns e tão cultuada
por outros? Você está de que lado?
Do lado objetivo e histórico é obvio que todo período é importante. Não existem
períodos que não têm sua importância. É simplista analisar como só positivo ou só negativo, o melhor de tudo foi provar que
é possível fazer música com uma linguagem jovem e consumida pelo jovem.
!ObaOba - Se quiser deixar um recado pra
galera que não viveu os 80, o espaço está aberto:
Meu recado é para todos sempre resgatarem a história seja os anos
60, 70 que também foram interessantes e bacanas, ou os anos 80 e até os 90 .Precisamos investigar o passado para entender
o futuro. Vejo muitas pessoas com camisa do Che Guevara, Bob Marley, Jim Morrison, Jimi Hendrix. Será que eles realmente fazem
idéia do trabalho destas pessoas? Não podemos classificar as coisa de forma simplista ou decorativa. É preciso ir mais fundo...
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